E quando fui ver o que era o meu filho havia
atendido a porta e estava falando com Kaique.
Eu senti o chão se abrir para mim, não pude
acreditar. Aquele moleque havia invadido a minha casa, numa falta de educação
que me irritou e numa coragem de me dobrou.
- Mãe quem é esse cara? – perguntou o meu
filho.
E os dois um enfrente ao outro, me mostrou
que eram jovens demais, mesmo o meu filho tendo quinze anos e Kaique lá os seus
18... Mas ali parecia irmão, amigos das mesmas baladas.
Kaique então se moveu entrando na casa.
- Eu preciso falar com a sua mãe...
- OOOO, não vai entrando assim não na minha casa...
- disse o meu filho.
Era uma situação complicada.
- Espere filho... Eu falo com ele. – Era a
única coisa que eu pude fazer para não
causar uma discussão que daria numa briga...
Assustado o meu filho insistiu.
-Quem é essa cara mãe?
- Ele trabalha com a mãe e quer falar algo
importante. – Eu tive que mentir, para não causar mais constrangimento a todos.
Meu filho de alguma forma entendeu e saiu
ainda que raivoso da sala quando eu pedi.
Kaique entrou e pegou em minhas mãos o que eu
tirei rapidamente. A ficha naquele momento caiu. Eu havia trazido aquele
moleque para dentro de casa. Santo Deus. Derrepente meus pais, meus avos,
amigos meu filhos estavam todos e cima de mim.
- Eu preciso falar com você. Foi tudo um
momento ruim um contra tempo. – Ele disse tão maduro que pensei estar ouvindo o
meu ex-marido.
- Tá. Vamos conversar, mas não aqui. Amanhã a
gente se fala na padaria que nos vimos pela primeira vez!
- Você está magoada comigo. Eu sei!- ele
insistiu docilmente, como se estivesse perdendo algo muito caro a ele. Foi o
que percebi.
- Eu já disse amanhã a gente se fala. Ta bom!
- Me ouça só um instante.
-Ouça Kaique, amanhã. Ou você sai ou eu chamo
a policia.
Eu vi lagrimas em seus olhos. Uma fisionomia
agora de menino querendo muito se explicar. Como vi meu filho varias
vezes.
Kaique saiu como eu pedi e ainda cochichou
que me esperaria as 7 na padaria.
Eu quis matar o Kaique por toda a noite que
ele me deu, mas algo em mim me apascentou. E de alguma forma me dava alguma
certeza de que ele gostava de mim. Por tudo o que fez, por seu desespero. Algo sério
deveria ter acontecido. Algo sério em nossos sentimentos acontecia.
Sorri levemente e vi o rosto de meu filho me olhando
na porta da cozinha.
- Mãe o que esta havendo! Quem é esse cara? –
insistiu ele.
Eu então engoli a seco.
- Vai dormir amanhã a gente conversa! – Eu disse
furiosa por ver o meu filho invadindo a minha vida. Algo que me surpreendeu e surpreendeu ele também.
A mulher que sou estava brigando com mãe que sou dentro de mim.